sábado, 22 de junho de 2013

Z


















Sozinha na selva de memórias
Eu tento em vão guardar-te
Como um bem precioso
Protegido de seu destino.

Um vazio novo arranha
Dentro de minhas entranhas,
Tento não rasgar em partes
Muito pequenas para colar.

Mas como não se desfazer
Diante da fatal fragilidade
Que aflige quem amamos
Partindo nosso laço, presença?

Ainda me sinto como aquela
Que costumava comer romãs
Sentada no antigo muro de Berlim
Desafiando as leis da física e modos.

Sua presença eternizada nas veias,
Será a doce inspiração dos poetas,
Será o sopro gélido do inverno,
E a saudade dos que te encontrarão um dia
Na bela paz dos campos da eternidade.



Obrigada por tudo, Tio Zé!
Descanse em paz.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Suicídio


















Fujo das sombras que me consomem.
A afiada lâmina me seduz da forma
Que faça gotas quentes escorrerem.
Estarei sozinha nos meus próprios pés!

Fujo do voo que me tenta no castelo
E do vento que bate em minha face.
Quando eu sinto que o chão chama
Pelo último abraço, apenas tento não olhar.

Não arranque as pétalas de mim,
Mantenha-me escondida no espelho,
Presa no tempo e congelada na dor.
Deixe que tudo mais morra em silêncio.

Porfim clamarei na voz dos mudos,
Dentro do testemunho dos loucos
E na imensa dor dos suicidas
Como se cada último suspiro deles
Fosse dado pelo meu próprio coração.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Valediction
















Sempre é triste partir
Ainda mais sem adeus,
Sem um bilhetinho,
Sem nenhuma satisfação.

- É triste dar passos
Na direção oposta
Da bela parilidade,
Dos caminhos traçados.

Uma brisa soprou,
Foi uma música.
Canção de ninar
Que você nunca ouvirá.

Ela embalou entre as folhas
E os redemoinhos solitários,
Subindo entre as lembranças
Que deixamos pela trilha.

Mas não haverá lágrimas,
Nem o menor dos lutos
Pois é um adeus da pele
Por debaixo da máscara,
A máscara do meu coração.