sábado, 26 de janeiro de 2019

Deusa


Eu dei tudo que eu podia
Criei vida em cada parede
Trouxe cores para seu cinza
Dei forças para sua letargia

Eu gastei toda minha energia
Eu permiti cada vontade sua
Mesmo quando foram afiadas
E acabei machucando meu coração

Eu trouxe magia ao mundo
Coloquei toda minha luz
Em um pontinho e te entreguei
Quase me matando no processo

Me ajoelhei por meus pecados
Me rasguei por cada uma das suas dores
Aceitei teus açoites sob seu ódio
Ouvi sobre como era apenas um grão
No meio de toda areia de toda praia

Por fim eu não era suficiente
E o canto das sereias lhe levaram
Enquanto eu rasgava meu próprio peito
Para lhe entregar meu coração pulsante.

Vazia


Pedaços de alma em cacos,
Tão afiados como palavras
Que saiam de seus lábios,
Eu queria beijar até sangrar.

Minha alma se tornou vazia,
Quebrada mais uma vez.
Este mundo não é pra mim
Quando só me fazem sangrar.

No fim você me colocou na estante
E eu era como milhares de outras,
Pronta para ser usada ou trocada,
Odiada e cuspida como uma puta.

No fim somos um útero, utilidade.
Olhos condenados a serem vazios.
Um maldito saco de areia, objeto.
Apenas uma folha seca ao vento.