sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Etéreo
















Não sabes quanto tempo ousei esperar
Pela tua mística presença cheia de ansejos,
Cavada como carinho nas palmas das mãos,
Como se fosse domesticável aos teus desejos.

Mas nunca se realizará por mais imaginável
Que possa ser essa minha linha tão perdida.
"Luxúria será meu nome enquanto me despe,
Como se pudesse ser completamente entendida."

Oh, meu desejo mais secreto e etéreo
Arranque minhas correntes e pudores,
Quero estar vulnerável à morte inevitável
Que traçam para todos felizes pecadores.

Meu amor, minha estrela mais brilhante
Faça-me esquecer do mais persistente,
Que eu terei que me condicionar aqui,
Esquecer que és em verdade, meu amor inexiste.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Todos devem aprender alguma hora
















A ira estressa meu corpo.
Tão acostumado às dores
Cede, pendendo-se atrás
Como um pendulo cansado.

- Você não consegue entender?
- Você não consegue ver?

Uma luz brilha no horizonte.
Mais uma estrela para desejar,
Um sonho a mais no céu da boca
Ou uma doce canção de ninar.

- Você não consegue ver?
- Você não consegue entender?

O sol nasceu frio no horizonte
Com névoa e neblina molhada,
Com gosto de algo irrealizado
Ou com lembranças distantes?

- Vamos de mãos dadas até o fim,
Como se a mão afastasse toda escuridão,
Como se o calor corpóreo fosse o alívio
Para todas dores mais profundas em si.

Uma música distante, tocada no coração
Diz que todos devem aprender alguma hora
E você ainda não consegue ver ou entender
Que sempre haverá esperança dentro de ti?

- E mesmo quando as luzes se apagarem,
Segurarei uma lamparina na escuridão,
Nos dedos gélidos da menininha que fui,
Protegendo-te de todos os monstros que habitam em ti.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Cânfora

















Oh doce criança, repouse sua cabeça,
Enquanto as memórias te fazem sorrir,
Enquanto nada é como deveria ser,
Enquanto eu canto para adormecer.

Não deixe seus nervos saltarem,
Nem sua voz se elevar pra eles,
Apenas deixe a lua tocar sua pele
E a noite nos devolver nossa vida.

Sabes quanto de mim divido em três,
Então não se incomode com fracos,
São coitados dentro de seus corpos
E mentes fúteis, quebrando-se sozinhos.

O sol trará flores vermelhas com espinhos
Que estamos tão acostumados a segurar,
Mas a noite, meu irmão, trará a beleza
E aquilo que ousamos guardar só para nós.

Auto-piedade


















Minhas ancas dançam entre o álcool
E a misera viela que ousei me enfiar.
Me tornei aquilo que causava-me riso,
Vomitando desespero e auto-piedade.

Mas manterei a tonta cabeça levantada.
Nunca conheci vida fora do meu ego,
Nunca resisti muito tempo exposta,
Manterei minha rota torta e sem sentido.

Alguns espancamentos a mais e a dor esvai.
Não há espaço para o físico diante da dor,
Daquela que consome a própria existência,
A verdadeira dor que carregarei até a morte.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Decifra-me



















Se eu desfizesse todos meus laços
E cantasse cada nota de olhos fechados
Desenrolando todos os meus mistérios
Você ainda gostaria de estar ao meu lado?

Se pudesse ver o quão forte tenho sido
E quão caro isso tem me custado,
Cada corte fundo e cada sorriso,
Cada queda e cada impulso de levantar.

Você ainda me veria com os mesmos olhos
Se eu contasse que morro desde que nasci,
Se contasse que meu coração ainda bate
Em busca de uma compreensão altruísta?

Se eu fosse um ser muito diferente dos outros
E ao mesmo tempo, tão igual, tão feminina.
Se eu pudesse ser tão gentil e tão cruel,
Tão pecadora e tão santificada diante de todos.

Ainda poderia ver-me como antagonista,
Como uma doce vestal sobre sua cama
Chamando para que pactue de planos
E quem sabe, clamando por um sentimento
Que poucos entenderão ao tentar me ler...
Você poderia e gostaria de me compreender?

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Coragem



Eu sempre quis mudar o mundo e agora vejo que para mudá-lo devo começar mudando a mim mesma. Devo então afiar minha audácia de contrariar até os narizes mais certos de si, não podendo fraquejar diante de minhas próprias convicções.
Com coração humilde e corajoso, com a mente atenta e perspicaz, sabendo de meus defeitos e aceitando-os antes mesmo que sejam usados contra mim, devo prosseguir vencendo meus próprios demônios para possuir a força de lutar contra todos que quiserem me ver derrotada.

Essa é minha escolha.
Eu vou mudar o mundo.

Não sei se estou certa ou errada quanto isso, só sei que da onde estou só tenho um caminho, à frente. Porque voltar seria perda de tempo.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Solitary path

















Meu coração está vazio
Como o copo na mesa,
Que eu esvaziei bebendo
Toda agonia que continha.

As dores estão passando
E a liberdade chegando,
Com todos seus caminhos,
Toda sua responsabilidade.

Posso ficar um pouco perdida
Porque não conheço as rotas,
Apesar de saber a direção
Que terei que seguir até o fim.

Minha dualidade será bipolar
Aos limites que eu não estipular
E minhas palavras incontroláveis
Aos limites que minha imaginação me guiar.

Então seguirei com meus passos,
As vezes mais apressados
Ou mais lentos no tempo
Que a solidão me permitir.



PS: Amei essa foto! =^.~=


Não leia!














Não, não me leia
interpretando-me,
Como se o verso
Fosse eu estampada.

Não, não me leia
constatando-se,
que estou aberta
e acessível a ti.

Não me leia hoje,
Talvez nem amanhã
Sem saber que crio
Um novo ritmo em palavras.

Meu coração está mais fundo
E suas portas brilham nos olhos,
No toque, nos cheiros, na vida.
Mas meus pensamentos... estes!

Cinzas ao deserto

















Esmago meu futuro entre as mãos
Como numa tentativa de extrair
Um pouco mais de esperança,
Pois não restou muito para mim.

No fim somos todos insignificantes,
Apenas nomes e fotos na sepultura
Esperando por flores que não virão,
Esperando por um reconhecimento.

Eu sou um ser insignificante e sei
Que serei como poeira no deserto,
Mesmo assim me rasgarei até o fim
Para que saibam a cor do meu sangue.

Deixo pedaços de mim em cada que amo
E cada coisa que ouso chamar de arte.
No fim de essa triste história morrerei
Esquecida como cinzas jogadas no deserto.

Ainda sim eu clamo desesperadamente:
Lembrem-se de meu nome,
Lembrem-se de minha memória
E tornem-a um pouco mais feliz...