segunda-feira, 30 de julho de 2012
Canto da esfinge
As folhas começam a anunciar inverno
Na terra perdida que nunca se ilumina.
Existem mais barreiras que compreensões
Entretanto eu nasci para ser indestrutível.
Arranco alguns dos meus espinhos
Só para tornar-me menos mortal
E sangro em silêncio para aqueles
Que segurarão minha cabeça alta.
Desfaça-se de suas próprias correntes
Antes que os céus caiam entre todos.
Eu não posso entrar sem ser convidada.
Não posso devorar nem deixar passar.
Não negue meus presentes, são raros,
Mas enxergue além dos seus olhos,
Cave além do sorriso, da máscara.
Não há nada na superfície para nós.
Andei destrancando algumas portas,
Mas elas continuam no mesmo lugar.
Não existem segredos, apenas desafios.
Permitir-me entrar antes de eu me fechar para sempre.
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Primacchiave
Já fazem tantos milênios,
Que a face não estranha
A boa máscara que veste
E a mentira que se tece.
Fazem tantos tantos séculos,
Que a mente tenta racionalizar
A cada passo que se materializa
Para evitar o que não se realiza.
Tantas páginas viradas ao vento,
Tantas história narradas com atento,
São tantas gotas manchando a rosa
Que ao final finjo meu intento.
"Eu quero sorrir!", sussurra o vento,
Com tamanha leveza que é ignorado.
"Eu quero sorrir novamente" ecoa,
Algo que nunca mais será marcado.
domingo, 22 de julho de 2012
Vozes
"Mais uma vez a essência volta-se para dentro
Trancando as portas que costumava entreabrir."
"Mais uma vez o silêncio se perfaz no salão
Onde todas as festas ocorrem simultaneamente."
"As linhas recuarão ao antigo ponto de pacificação
De onde nunca deveriam ter avançado imprudentemente."
"E as vozes serão abafadas pelos travesseiros
Durante a noite que cai sobre nossos ombros."
"A ninfa que outrora costumava se aventurar
Queimará sua própria casa para não existir."
"E os deuses abandonarão seus postos dourados
Para enfim virarem pó sobre nossa terra mortal."
"Não haverá trégua ou perdão para quem chora,
Assim como não haverá amor para quem o procura."
"Apenas cantaremos canções de adeus,
Apenas calaremos nossas existências."
"Declaro que sou uma espécie em extinção
E quando eu morrer não haverá mais de mim."
"Canto palavras sem sentido para ti,
Pois meu sentido será ocultado no fim."
"Lobotomizo os sentimentos bons ou ruins
Como ervas daninhas sobre minha insanidade."
"E recrio um novo mundo dentro das idéias
Onde possa colorir minha própria desgraça."
"Todos dirão o que se espera ser dito,
Contudo nenhum acalanto pacificará."
"Sou as vozes dentro da minha mente,
Sou as vozes dentro de vossos corações."
"Sou a poesia inerte sobre o papel branco,
Sou o vento que bate a veneziana de madeira."
"Irei partir por hoje para experimentar luto,
Mas retornarei a toda minha majestade amanhã"
Assinar:
Postagens (Atom)