domingo, 19 de dezembro de 2010

Mal secreto



















Se a cólera que espuma, a dor que mora
N´alma e destróe cada illusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora,
Ver através a mascara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, comsigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisivel chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez, existe
Cuja ventura unica consiste,
Em parecer aos outros venturosa!

RAIMUNDO CORRÊA
(Este texto preserva a ortografia original, tal como aparece no cartão).

Um comentário:

Garotinha Ruiva disse...

Profundamente verdadeiro...

As mágoas, os sentimentos de invea alheia, a dor que consome por dentro, ruidosamente, e ao mesmo tempo quieta por fora... Somos como icebergs... Apenas uma pequena ponta fica exposta.